DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (Alziro Zarur)
Parte 7

Ruy Barbosa - continuação

IX - "Que é o Estado? Um sistema, uma escola, uma verdade? Não, sem dúvida nenhuma. O Estado é apenas a organização legal das garantias de paz comum, o mútuo respeito entre as várias crenças, convicções e tendências que disputam, pela propaganda persuasiva, o domínio do mundo. A verdade científica, a verdade moral, a verdade religiosa estão fora de sua competência. É NA RELIGIÃO SUPERIOR DO ESPÍRITO, É NA ESFERA LIVRE DAS CONSEQUÊNCIAS QUE ELAS SE DEBATEM, CAEM OU TRIUNFAM. Transpondo esse termo, exorbitando do círculo onde se lhe encerram as altas prerrogativas de representante da grande personalidade nacional perante as outras e protetor do indivíduo na sua tranquilidade, na sua propriedade e na sua liberdade, excedendo esses limites, já o Estado não é mais essa eminente abstração moral, armada dos recursos da força coletiva, por interesses de todos, em apoio do direito de cada um; desaparece-lhe esse caráter impessoal, que constitui a sua eminência e a sua legitimidade, para deixar em relevo, descoberto, nu, em todo o odioso das paixões pessoais, ou do espírito de parcialidade que o anima, o grupo mais ou menos numeroso dos homens que governam. SE O ESTADO NÃO TEM FÉ NEM ESCOLA, ESSA NEUTRALIDADE, IGUALANDO ÀS DE TODOS A RELIGIÃO E A OPINIÃO DOS HOMENS QUE ATUALMENTE OCUPAM AS POSIÇÕES SUPREMAS, É A SEGURANÇA IMPARCIAL DE TODAS AS ESCOLAS E TODAS AS CRENÇAS. MAS, SE É LEGÍTIMO QUE O ESTADO TENHA UM MOLDE OBRIGATÓRIO PARA O ENSINO, LONGE DE ASSENTAR, COM ISSO, A PERPETUIDADE ETERNA DE UMA VERDADE, NÃO ESTABELECEREI SENÃO A INAMOVIBILIDADE DA INTOLERÂNCIA".
DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (Alziro Zarur)
Parte 6

(Ruy Bartbosa - continuação)

VII - "O que importa é que a escola submeta o menino a um regime, cujas consequências sejam produzir, efetivamente, a moralidade, FORMAR O CARÁTER, fazer com que realmente se possuam as virtudes que constituem o alvo da Moral".

VIII - "É PRECISO SERVIR AO AMOR DA VERDADE, PÁTRIA UNIVERSAL DA NOSSA ESPÉCIE, EM QUE OS INTERESSES INFERIORES E FLUTUANTES DOS INDIVÍDUOS SE CONFUNDEM NUM SUPREMO E ETERNO INTERESSE COMUM". 
DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (Alziro Zarur)
Parte 5

(Ruy Barbosa-continuação)

V - "Uma reforma radical do ensino público é a primeira de todas as necessidades da Pátria, amesquinhada pelo desprezo da cultura científica e pela insigne deseducação do povo. Sob esta invocação, conservadores e liberais, no Brasil, podem reunir-se em um terreno neutro: o de uma reforma que não transija com a rotina. NUM PAÍS ONDE O ENSINO NÃO EXISTE, quem disser que é conservador em matéria de ensino volteia as costas ao futuro e desposa os interesses da ignorância. É preciso criar tudo, por quanto o que aí está, salvo raríssimas exceções, e quase todas no ensino superior, constitui UMA PERFEITA HUMILHAÇÃO NACIONAL".

VI - "Instruir não é simplesmente acumular  conhecimentos, mas cultivar as faculdades por onde os adquirimos e utilizamos, a bem do nosso destino. SE NÃO AS EDUCAMOS, SIMULTANEAMENTE, NA DIREÇÃO DA ESFERA INTELECTUAL E NA DIREÇÃO DA ESFERA MORAL, TÊLAS-EMOS CONDENADO A UM DESENVOLVIMENTO INCOMPLETO. CONHECER É POSSUIR A NOÇÃO COMPLETA E O CONHECIMENTO PERFEITO DA LEI NO MUNDO MORAL, COMO NO DA CRIAÇÃO MATERIAL. AUSÊNCIA DA PERCEPÇÃO DO DEVER É, POIS,  UMA DAS FACES DA IGNORÂNCIA,  NO SENTIDO EM QUE A ENTENDEMOS, QUANDO LHE OPOMOS COMO ANTÍDOTO A ESCOLA".  
DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (Alziro Zarur) - Parte 4

(Ruy Barbosa-continuação)

III - "A influência da instrução geral sobre os interesses econômicos, sobre a situação financeira e, até, em grau pasmoso, sobre a preponderância internacional e a grandeza militar dos Estados, é, presentemente, uma dessas verdades de evidência excepcional, que a História contemporânea atesta, com exemplos admiráveis e terríveis lições".

IV - "Já quatro séculos antes do CRISTO, Aristóteles escrevera: TODOS QUANTOS TÊM MEDITADO NA ARTE DE GOVERNAR O GÊNERO HUMANO ACABAM POR SE CONVENCER DE QUE A SORTE DOS IMPÉRIOS DEPENDE DA EDUCAÇÃO DA MOCIDADE".

   
DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (ALZIRO ZARUR) - Parte 3

Ora, se o próprio Presidente exige que se diga e que se mostre sempre a verdade, evidentemente vai ao encontro de JESUS: SÓ A VERDADE LIBERTARÁ O BRASIL, não apenas do analfabetismo, mas de todos os problemas que lhe travam o desenvolvimento. E é por isso que todos nós, brasileiros de Boa Vontade, desejamos a prática do ensino pelo critério do próprio Cristo: sem nenhum sectarismo religioso. Para subir tanto, temos de partir das sentenças imortais de Ruy Barbosa:

I - "Quanto à reforma da instrução pública, para mim, para nós democratas, é o germe e a seiva, a base e o fastígio, o alfa e o ômega, o princípio e o fim de tudo".

II - "A nosso ver, a chave  misteriosa das desgraças, que nos afligem, é esta, e só esta: a ignorância popular, mãe da servilidade e da miséria. Eis a grande ameaça contra a existência constitucional e livre da Nação; Eis o formidável inimigo, o inimigo intestino, que se asila nas entranhas do País. Para o vencer, revela instaurarmos o grande serviço da DEFESA NACIONAL CONTRA A IGNORÂNCIA, serviço a cuja frente incumbe ao Parlamento a missão de colocar-se, impondo intransigentemente à tibieza dos nossos Governos o cumprimento do seu supremo dever para com a Pátria". 
DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (Alziro Zarur) - Parte 2

Ora, não se trata aqui de Educação, mas de Instrução. E, em matéria de Instrução, a nova lei - como salientou Dom Cândido Padin - "é uma louvável tentativa de atualizar o ensino brasileiro diante das transformações que o processo educativo já assumiu em muitos outros países". Se tenho de dar minha contribuição, em cumprimento a um dever cívico, não o farei na parte Instrução, que conta com tantos luminares do ensino, mas precisamente na parte Educação,  que deixa ainda tanto a desejar. Sempre descri da Educação como é entendida e executada no Brasil, a ponto de fundar um movimento baseado no EVANGELHO E NO APOCALIPSE DO MAIOR EDUCADOR DA HUMANIDADE EM TODOS OS TEMPOS - JESUS. Diante de tudo o que li, estudei e observei, desde 1930, o problema nem é mais de Educação, mas de Reeducação. Daí a alínea "I" do Artigo 2º dos Estatutos da Legião da Boa Vontade: "TRABALHAR PELA ALFABETIZAÇÃO ESPIRITUAL DO POVO, COMPLETANDO-LHE A ALFABETIZAÇÃO INTELECTUAL COM OS ENSINAMENTOS DA CRUZADA DE REEDUCAÇÃO, EM CUMPRIMENTO AO NOVO MANDAMENTO DE JESUS, QUE DECLAROU: CONHECEREIS A VERDADE, E A VERDADE VOS LIBERTARÁ".

DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO

DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (Alziro Zarur)

                          1

P - A Assessoria Técnica da LBV encaminha ao Presidente da Legião da Boa Vontade os dois volumes de "Diretrizes e Bases para o Ensino",  com os cumprimentos do Senador Petrônio Portella, Presidente do Congresso Nacional. Envia-lhe, também, o telegrama do Senador Nelson Carneiro, nos seguintes termos: "Ilmo. Sr. Alziro Zarur, Presidente da Legião da Boa Vontade. Havendo o Senado Federal enviado essa nobre entidade exemplares "Diretrizes e Bases para o Ensino", venho solicitar Vossa Senhoria sugestões acaso leitura novo estatuto justifique, a fim oferecer oportunamente emendas ao exame do Congresso Nacional. Atenciosos cumprimentos -(a.)- Nelson Carneiro". Poderia determinar prazo para a resposta?

R - Meus prezados assessores sabem que dediquei toda a minha vida ao maior problema do Brasil: EDUCAÇÃO. Como é natural, li com toda a atenção os dois volumes de "Diretrizes e Bases para o Ensino".  Antes de qualquer outra coisa, quero aplaudir o esforço patriótico do Ministro da Educação, dos Senadores e Deputados que participam desse grande trabalho; de todos os brasileiros que contribuíram para o progresso do ensino em nossa Pátria; mas, especialmente, a Boa Vontade indiscutível do Presidente da República. Entretanto, se atendo ao pedido dos Senadores Petrônio Portella e Nelson Carneiro, isto se deve ao Presidente, porque declarou a todo o Brasil: "ESTE GOVERNO NÃO FARÁ O JOGO DE NINGUÉM, MAS APENAS O PRÓPRIO JOGO  - O JOGO DA VERDADE. EXIJO QUE SE DIGA E QUE SE MOSTRE SEMPRE A VERDADE, POR MAIS QUE ELA NOS DOA".  

POEMA DO BRASILEIRINHO (Alziro Zarur o escreveu em 1932, aos 18 anos de idade)

                        I

Amo o meu Povo de alma verdadeira!
Só por ser brasileiro eu sou feliz!
Que de ancantos o espírito nos diz
Desta lânguida gente brasileira!. . .


Com essa calma antiga, que bendiz,
Ou quando pelas ruas se aligeira,
Apraz-me vê-lo assim, na prazenteira
E espontãnea expansão do meu país. . .

Pois é na liberdade que se expande,
Sem ambições, tão rico mas tão pobre,
Na pacífica marcha de um só tom. . .

Amo o meu Povo porque é um Povo grande,
Amo o meu Povo porque é um Povo nobre,
Amo o meu Povo porque é um Povo bom. . .

                               II

Brasil, que és meu por predestinação!
Minha alegria é ver-te progredir,
Instruído e educado, num porvir
Alicerçado na mais santa união!

Tua força latente há de eclodir
À fúria do implacável furacão
De milhões de almas fortes que farão
Com que às outras nações vás dirigir!

Nessa época, de fato luzidia,
Liberto da ignorância que asfixia,
Hás de elevar-te em glória ao mundo inteiro!

E quando ouvir a voz separatista
- Amigo, és carioca ou és paulista? -
Um filho teu dirá: - Sou brasileiro!

                         III

Bendita seja esta Verdade santa
Que me enraizou o Ideal intemerato!
Que glorificará todo o meu ato,
Ao derrocar tanta injustiça, tanta!

Bendito o Ideal que à glória me levanta
E me apresenta, forte e intimorato,
Na suprema renúncia em que me bato,
No ardor extremo de quem luta e canta!

Com este Ideal, Brasil, vou transformar-te:
Ei de fazer de ti uma obra de arte -
Grande, perfeito, indissolúvel todo. . .

Ó Pátria, eu sou, com as minhas concepções,
O guerreiro que rasga, com denodo,
O Terceiro Milênio das nações!                   

  
Meu Brasil, (parte 3)
 
E esta convicção me acompanha desde 1932, quando escrevi o

POEMA DO BRASILEIRINHO

                        I

Amo o meu Povo de alma verdadeira!
Só por ser brasileiro eu sou feliz!
Que de ancantos o espírito nos diz
Desta lânguida gente brasileira!. . .


Com essa calma antiga, que bendiz,
Ou quando pelas ruas se aligeira,
Apraz-me vê-lo assim, na prazenteira
E espontãnea expansão do meu país. . .

Pois é na liberdade que se expande,
Sem ambições, tão rico mas tão pobre,
Na pacífica marcha de um só tom. . .

Amo o meu Povo porque é um Povo grande,
Amo o meu Povo porque é um Povo nobre,
Amo o meu Povo porque é um Povo bom. . .

                               II

Brasil, que és meu por predestinação!
Minha alegria é ver-te progredir,
Instruído e educado, num porvir
Alicerçado na mais santa união!

Tua força latente há de eclodir
À fúria do implacável furacão
De milhões de almas fortes que farão
Com que às outras nações vás dirigir!

Nessa época, de fato luzidia,
Liberto da ignorância que asfixia,
Hás de elevar-te em glória ao mundo inteiro!

E quando ouvir a voz separatista
- Amigo, és carioca ou és paulista? -
Um filho teu dirá: - Sou brasileiro!

                         III

Bendita seja esta Verdade santa
Que me enraizou o Ideal intemerato!
Que glorificará todo o meu ato,
Ao derrocar tanta injustiça, tanta!

Bendito o Ideal que à glória me levanta
E me apresenta, forte e intimorato,
Na suprema renúncia em que me bato,
No ardor extremo de quem luta e canta!

Com este Ideal, Brasil, vou transformar-te:
Ei de fazer de ti uma obra de arte -
Grande, perfeito, indissolúvel todo. . .

Ó Pátria, eu sou, com as minhas concepções,
O guerreiro que rasga, com denodo,
O Terceiro Milênio das nações!