DIRETRIZES E BASES PARA O ENSINO (Alziro Zarur)
Parte 10

(Ruy Barbosa - continuação)

XIV - "O Estado é grande representante da inteligência contra o obscurantismo; é o inimigo armado das trevas; é o irradiador vitorioso da luz. MAS AS VITÓRIAS DA LUZ REALIZAM-SE ENSINANDO, e não inibindo de ensinar os inimigos dela; mas as ciladas encobertas no seio das trevas evitam-se, LEVANDO ATÉ AO FUNDO DO ESCONDERIJO O RAIO SERENO DA DEMONSTRAÇÃO LIVREMENTE DISCUTIDA. Mas a força desserve, em vez de servir, à inteligência, cujos triunfos nunca hão de ser sólidos e irrevogáveis, senão quando o obstáculo for suprimido sem violência nem injustiça, EM COMBATE IGUAL, PELA ENERGIA INVENCÍVEL, POSTO QUE INERME, DA VERDADE. Mas privar o obscurantismo das garantias do direito comum é dignificá-lo com a majestade do infortúnio, cingir-lhe a palma do martírio, aureolá-lo com o esplendor da santidade, inspirar-lhe esses imprevistos movimentos de abnegação, esses grandes rasgos cênicos de heroísmo moral, que lhe cativam na mulher a mais poderosa metade da nossa espécie, e prostram-lhe aos pés, na atitude religiosa da contemplação e da prece, as imaginações populares, fascinadas por essa generosa simpatia que diviniza nos perseguidos os erros mais perigosos e as causas mais funestas".

XV - "O ESTADO TEM DEVERES PARA COM A CIÊNCIA. Cabe-lhe, na propagação dela, um papel de primeira ordem; já porque DO DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA DEPENDE O FUTURO DA NAÇÃO; já porque a criação de focos científicos de ensino é de extrema dificuldade aos particulares; já porque entre a ciência e várias profissões que entendem com a conservação dos indivíduos, a segurança material e a ordem jurídica das sociedades, há relações cujo melindre exige garantias QUE SÓ A INTERFERÊNCIA DO ESTADO SERÁ CAPAZ DE OFERECER".   

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