"BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO"
Espírito da Verdade - Alziro Zarur

P – Estamos estudando, no ponto em exame, os versículos 31 e 32 do Evangelho segundo Mateus, 28 e 29 segundo Marcos, 10 segundo Lucas. O que mais nos prende a atenção é esta afirmativa de Jesus: “TODOS OS PECADOS E BLASFÊMIAS SERÃO PERDOADOS AOS HOMENS, MENOS A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO, QUE NÃO O SERÁ. O QUE ALGUÉM DISSER CONTRA O FILHO DO HOMEM SER-LHE-Á PERDOADO, MAS NÃO TERÁ PERDÃO, NEM NESTE SÉCULO NEM NO FUTURO, O QUE ALGUÉM DISSER CONTRA O ESPÍRITO SANTO”. Como interpreta estas palavras o Espírito da Verdade?

R – Por essa forma, Jesus patenteava, em primeiro lugar, a diferença que há entre ele (não obstante a sua essência superior, sua origem e sua posição espirituais) e o Senhor Onipotente, criador do Universo. Já sabeis que, no entender dos judeus, O ESPÍRITO SANTO ERA A INTELIGÊNCIA MESMA DE DEUS, FALANDO, POIS, ÀQUELES HOMENS DA BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO, JESUS SE REFLETIA À BLASFÊMIA CONTRA O PAI CELESTIAL, SENHOR DE TODOS OS MUNDOS. Consiste a blasfêmia em negar a Deus, em acusar de injustiça ou erro Aquele que é TODO O AMOR, TODA A CIÊNCIA E TODA A JUSTIÇA, EM SUMA – A VERDADE ABSOLUTA. Qual o crime que se pode comparar a esse? A blasfêmia contra Deus não constitui a maior ofensa que se lhe possa fazer? Se, numa família, os filhos se revoltam contra o irmão mais velho, ainda que este represente o pai, cometerão falta menor do que se insultarem e injuriarem o próprio pai. Ora, a mesma relação, no que diz respeito ao Cristo, podeis estabelecer, lembrando-vos de que ele personifica a Moral Divina que PREGOU MAIS POR EXEMPLOS DO QUE POR PALAVRAS. Quanto àquela “ameaça de penas eternas”, feita pelo Mestre, não existe. Para os hebreus, de acordo com os seus preconceitos, escrituras e tradições, os termos eternidade, na eternidade, eterno e eternamente tinham dois sentidos, podiam ser tomados em duas acepções diversas. No sentido absoluto, quando empregados relativamente a Deus, designavam a ETERNIDADE PROPRIAMENTE DITA. No sentido relativo, quando empregados com relação aos homens, designavam uma duração imensa, MAS POR MAIOR QUE FOSSE, LIMITADA, CONDICIONADA A TER FIM. Basta verificar estas passagens do Velho Testamento: Êxodo, XV: 18 – “O Senhor reinará para todo o sempre”; Miquéias, IV: 5 – “Porque todos os povos andam cada um em nome do seu deus; mas, quanto a nós, andaremos em nome do Senhor nosso Deus para todo o sempre”; Esdras, X: 3 – “Segundo o conselho do Senhor e o dos que tremem ao mandado do nosso Deus, tudo seja feito segundo a Lei”; Josué, XIV: 9 – “Então Moisés naquele dia jurou, dizendo: Certamente a terra será tua e de teus filhos, em herança perpétua, pois perseveraste em seguir o Senhor meu Deus”; Isaías, LVII: 15-16 – “Porque assim diz o Altíssimo, o sublime que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas também moro com o contrito e abatido de espírito. Pois não contenderei para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de mim e se extinguiria o fôlego da vida que Eu criei”. Proferindo aquelas palavras dos versículos 31 e 32 de Mateus, 28 e 29 de Marcos, 10 de Lucas (que só a Nova Revelação poderia explicar umas pelas outras, tornando-as – perfeitamente reunidas todas – COMPREENSÍVEIS EM ESPÍRITO E VERDADE, À LUZ DO NOVO MANDAMENTO), o Cristo entregava às interpretações humanas o conjunto delas. E os homens as interpretaram falsamente, dando ao vocábulo ETERNIDADE sentido absoluto, quando Jesus o empregara em sentido relativo. Não compreenderam que, no pensamento do Mestre, se tratava de uma eternidade relativa, de “mais de um século” de “mais do que o século vindouro”, modo pelo qual objetivava ele dar uma idéia da extensão do castigo, da sua “duração imensa”, qualquer que fosse a palavra dita contra Deus, na intenção de negá-lo, de o acusar de erro ou de injustiça. Entretanto, não censureis os que erroneamente interpretaram as palavras de Jesus: REALMENTE, TUDO TEM SUA RAZÃO DE SER AS FALSAS INTERPRETAÇÕES HUMANAS, CAUSADAS PELO ESTADO DAS INTELIGÊNCIAS, PELAS NECESSIDADES DA ÉPOCA E DOS TEMPOS QUE SE SEGUIRIAM, SERVIRAM AQUELE TEMPO E PREPARARAM O CAMINHO DA NOVA REVELAÇÃO.

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