"CILADA, PERDÃO E GRAÇA"
Espírito da Verdade - Alziro Zarur
P – No ponto em estudo, há uma coisa que merece
explicação: o fato de uma pecadora conhecida entrar na sala do festim, na casa
do fariseu. Que explicação nos oferece, a respeito, o Espírito da Verdade?
R – A pergunta é oportuna e podeis formular essa outra:
– Como veio a Simão a idéia de convidar Jesus para entrar na sua casa e
sentar-se a sua mesa? Há que O FARISEU
QUERIA SONDAR O MESTRE PARA DESCOBRIR NELE O PONTO VULNERÁVEL. Só se
aproximando de Jesus podia esperar consegui-lo. Mesmo a introdução de Maria,
naquela sala, era uma cilada. De outra forma ela não teria podido entrar lá, do
mesmo modo que, sem a vossa autorização, uma “desclassificada” não entrará em
vossas casas. Dirigindo a Simão as palavras dos versículos 43 a 46, referentes aos devedores,
o Mestre estabeleceu uma comparação toda material, para ser compreendido por um
homem material. Os fariseus não só eram orgulhosos, como também avarentos e cúpidos.
O exemplo que Jesus figurou não podia, portanto, deixar de ser apreciado e
compreendido por um espírito dessa natureza. Sim, aquele a quem mais se perdoa
será certamente, o mais reconhecido. Todavia, o perdão não é concedido sem ser
suplicado; e as súplicas devem ser fervorosas e reiteradas, pois O SENHOR NÃO SALDA AS DÍVIDAS DE QUEM SE
MOSTRE PROPENSO A CONTRAIR OUTRAS. ELE O FAZ SOMENTE ÀQUELE QUE SEJA CAPAZ, NO
FUTURO, DE MANTER-SE SEM DESVIO NO CAMINHO RETO. Jesus, com o que disse ao fariseu (vs. 44 a 47), apontando para a
mulher, aludia respectivamente aos sentimentos dele e dela: lendo o pensamento
de Simão, conhecia a razão do “acolhimento” que este lhe dispensara. Falou,
então, à mulher: “Teus pecados estão perdoados” (v. 48). A GRAÇA NÃO É O QUE A IGREJA HUMANA FORJOU. No caso da pecadora,
havia remorso sincero e profundo. Seguir-se-ia a reparação, que não lhe seria
duramente imposta, como sucede quando se trata de culpados endurecidos, mas UMA
REPARAÇÃO FEITA COM ALEGRIA E FELICIDADE, visando a alcançar o progresso,
que deixara de realizar, e entrar de novo em graça perante o Amor do Pai.
Disse, ainda, Jesus: “Vai-te em paz; tua fé te salvou.” A FÉ QUE ELA TIVERA NO CRISTO LHE ABRIRA OS OLHOS PARA O SEU MAU
PROCEDER. A comparação entre a vida sem mácula do Mestre e os excessos
inumeráveis da sua própria vida de pecadora foi o que a impressionou e impeliu
a vir suplicar o perdão de suas faltas, AOS
PÉS DAQUELE QUE ELA CONSIDERAVA O ENVIADO CELESTE. Nas suas interpretações,
os homens se equivocaram completamente quanto ao sentido destas palavras de
Jesus ao fariseu Simão: “Eu te declaro que muitos pecados lhe são perdoados
porque muito amou”. Dizendo de Maria que muito lhe era perdoado por haver amado
muito, o Mestre não entrava em nenhuma das considerações a quem deram motivo
humanas interpretações. O AMOR DE QUE
ELE FALAVA ERA O AMOR CONSIDERADO DO PONTO DE VISTA DA CARIDADE. Embora
mulher de vida dissoluta, Maria tinha um coração sensível às misérias de seus
semelhantes. De natureza fraca e impressionável, sua existência depravada era
mesmo devida AO EXCESSO DO SEU AMOR À
FAMÍLIA, COM A QUAL REPARTIA, EM LARGA ESCALA , O PRODUTO DO SEU VERGONHOSO
COMÉRCIO. Grande era a sua caridade para com outros: jamais um infortúnio
apelara em vão para a sua piedade. Sua própria queda foi um ATO DE DEVOTAMENTO. Aí tendes o que não
vos tinham dito; aí tendes, ainda, o que será encarado como estímulo ao vício
sob o pretexto de devotamento a pais pobres; aí tendes, todavia, a fonte de
tantos vícios que repelis com horror quando muitas vezes, um conselho e um
socorro fariam o que fizeram as santas palavras do Mestre, Espírito fraco,
Maria quisera lutar contra a sua fraqueza; quisera, sim, o combate
excessivamente rude. Sucumbiu, a princípio, mas se levantou mais forte e mais
valorosa. NÃO AOS OLHOS DOS HOMENS, QUE
NADA PERDOAM, TENDO ELES TANTA NECESSIDADE DE PERDÃO, MAS AOS OLHOS DAQUELE QUE
SONDA OS CORAÇÕES E AS ENTRANHAS, E PARA QUEM O PENSAMENTO CULPOSO E OCULTO
EQUIVALE AO ATO CONSUMADO!
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