Programa 27 - ALZIRO ZARUR - continuação 5

    O exército de Heráclio e a frota de Marcelino se uniram ou secundaram o Lugar tenente Imperial. O vento tornou-se favorável aos desígnios de Genserico. Tripulou com os mais bravos mouros e vândalos seus maiores navios de guerra, após os quais eram rebocados grandes barcos cheios de materiais combustíveis. Na obscuridade da noite, esses vasos destruidores, foram impelidos contra a desprevenida e mediante frota dos romanos,  despertados agora pela consciência real do perigo. A disposição densa dos navios e muita gente a bordo, contribuíram para o progresso do incêndio que se transmitiu com rapidez e violência. E o soprar do vento e o crepitar das chamas, os dissonantes gritos de soldados e marinheiros, que não podiam mandar nem obedecer,  aumentava o horror do tumulto noturno. Enquanto se esforçavam por escapar dos barcos em chamas e por salvar, pelo menos uma parte da frota, as galés de Genserico os assaltaram com temperado e disciplinado valor. Muitos dos romanos que escaparam das fúrias das chamas foram destruídos, aprisionados pelo vitoriosos vândalos. Depois do desastre desta grande expedição, Genserico se tornou outra vez o tirano do mar. As costas da Itália, da Grécia, da Ásia foram de novo expostas a uma vingança e avareza, Trípoli, Sardenha, voltaram à sua obediência. Acrescentou a Sicília ao número das suas províncias. E antes de morrer, repleto de anos e de glórias, contemplou a extinção final  do Império do Ocidente.
    A cerca do importante papel desempenhado por este audacioso corsário na queda de Roma, Guibbon emprega esta significativa linguagem: "Genserico - um nome que, na destruição do Império Romano, se eleva ao mesmo nível dos nomes de Alarico e Átila, reis dos Hunos".
    Temos aqui, portanto, uma descrição perfeita. O trabalho de Guibbon é de um valor extraordinário, merece todo o nosso respeito. Trabalho paciente, equilibrado, honesto. E não há História senão assim, dentro de um critério cientificamente perfeito, imparcial, impoluto, mormente em se tratando de interpretar Apocalipse. Aí, então, a honestidade tem de redobrar, não é dado ao historiador ser leviano ou fantasioso. 
 

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