"A VIOLÊNCIA E O REINO DOS CÉUS"
Espírito da Verdade - Alziro Zarur

P – Anotamos, no ponto em exame, estas palavras do Mestre: “Desde os dias de João até ao presente, o Reino de Deus sofre violência, e os violentos o arrebatam”. Que sentido dá o Espírito da Verdade a essas palavras profundas?
R – Esta afirmação do Mestre encerrava uma figura, destinada a fazer sentir aos judeus que OS QUE PRETENDIAM SER OS ÚNICOS A ALCANÇAR O REINO DE DEUS ERAM INCAPAZES DE ENTRAR NELE. Tais palavras, repetimos, foram empregadas figuradamente, porquanto o Espírito culpado jamais gozou, nem gozará jamais, da felicidade celeste, ENQUANTO NÃO SE HOUVER TRANSFORMADO, VENCENDO O MAL COM O BEM. E “os violentos o arrebatam”, acrescentava Jesus, porque os escribas e os fariseus entendiam que só eles alcançavam a Paz do Senhor, PRATICANDO OSTENSIVAMENTE A LEI QUE VIOLAVAM COM O CORAÇÃO. Alardeando a posse de todas as graças de Deus, com requintes de hipocrisia, não arrebatavam eles, AOS OLHOS DA MULTIDÃO IGNORANTE, a morada eterna? Na verdade, AOS OLHOS DE DEUS, não havia da parte deles nenhum esforço, nenhuma tentativa, nenhum merecimento para tamanha pretensão. Eram o que são os inquisidores de todos os tempos supostos herdeiros do Cristo e do Cristianismo. Eram o que são os vossos “filósofos”, os vossos “espíritos fortes”, os vossos “crentes” que interiormente em nada creem. CEGAVAM A MASSA POPULAR, CHAMAVAM A SI AS HONRAS E OS PROVEITOS, E AINDA USURPAVAM, À VISTA DAQUELES POBRES CEGOS, A FELICIDADE E A PAZ DO CÉU. Mas continua Jesus: “Pois, até João, todos os profetas e a lei profetizaram”. E ninguém escutou as profecias; ninguém procurou, verdadeiramente, conquistar a morada celeste, MAS TODOS (PELO PENSAMENTO) A USURPARAM. O “Elias que tem de vir” realmente veio: João, o Batista. Os publicanos constituíam a classe dos empregados subalternos que, obedecendo aos chefes da sinagoga, arrecadavam os impostos; desempenhavam, portanto, funções que sempre despertavam a animosidade popular. Eram os mais humildes: receberam com o povo a palavra de João e, por consequência, o batismo de penitência. MAS OS FARISEUS ERAM OS SECTÁRIOS ORGULHOSOS, QUE CUMPRIAM AS MAIS DIFÍCEIS PRESCRIÇÕES DE MOISÉS COM O FIM EXCLUSIVO DE DEMONSTRAR A SUA SUPREMACIA, E, NA SUA “SUPERIORIDADE”, IGNORAVAM QUE JOÃO ERA O PRÓPRIO MOISÉS REENCARNADO, PARA CONTINUAR SUA MISSÃO.  Os doutores da lei eram os que preparavam e punham sobre os ombros de seus irmãos – como advertiu Jesus – os fardos que eles mesmos não ousariam tocar com o dedo. Os escribas e os fariseus, acastelados no seu orgulho, rejeitaram a palavra e o batismo de João, repelindo os desígnios de Deus para com eles próprios, desprezando a ocasião de entrarem no Reino do Céu: o batismo era um emblema ou um símbolo, mas a palavra de João era o meio. Daí a sentença do Redentor: “A lei e os profetas duraram até João; a partir de então, o Reino de Deus é pregado aos homens e cada um lhe faz violência”. Violência inútil, já o sabeis; cada um lhe faz violência (linguagem figurada) no sentido de que NINGUÉM SE APLICA A FAZER O QUE DEVE PARA ALCANÇÁ-LO, COMO AQUELES DE QUEM JESUS FALAVA. AINDA EM VOSSOS DIAS CADA UM DELES TRABALHA POR CRIAR PARA SI MESMO O REINO DA TERRA E FORÇAR O REINO DO CÉU, ISTO É, FAZ DA HIPOCRISIA OU DO ANÁTEMA UM MEIO DE CONQUISTÁ-LO, MAS NENHUM PROCURA PENETRAR NELE, PARA LÁ SE MANTER, DENTRO DA LEI DIVINA.


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