"MORTE E CATALEPSIA"
Espírito da Verdade - Alziro Zarur


O Espírito não abandonara o seu corpo: apenas se ausentara, até que JESUS O CHAMOU, ordenando-lhe a volta imediata ao organismo da menina, Ele tivera permissão de prolongar sua ausência a fim de que o corpo tornando-se completamente inerte, apresentasse TODAS AS APARÊNCIAS DA MORTE. Para os homens, a filha de Jairo estava morta: esta era a aparência. Aos olhos de todos, a morte ali era positiva e indubitável. Na realidade, porém, NÃO HAVIA MAIS DO QUE UM ESTADO DE CATALEPSIA COMPLETA, um estado, portanto, de morte aparente, do modo a iludir os mais hábeis peritos. Havia, dissemos, inércia completa, isso é, suspensão de todas as sensações, de todos os movimentos, da vida em suma, com ausência de pulso, de respiração, de calor: aspecto cadavérico, insensibilidade física, material, tão profunda que as pancadas, mais ferimentos, NENHUMA IMPRESSÃO PROVOCARIAM NENHUMA CONTRAÇÃO, NENHUM SINAL DE VIDA. Vindo ao encontro de Jairo, seus servos lhe disse: “Tua filha morreu”. Mas ao que choravam e faziam grande alarido, Jesus disse: “Por que choras e vos afligis? A menina não está morta, apenas dorme”. Aos tocadores de flauta e as pessoas que faziam grande algazarra, falou: “Retirai-vos, pois a menina apenas dorme, não está morta.” E todos, diz o Evangelho, zombavam de Jesus, POR SABEREM QUE ELA ESTAVA MORTA. Ora, afastada a multidão, ele ordenou à menina: “Levanta-te!” E seu Espírito (ou Alma) – tendo voltado ao corpo, uma vez que ela não estava morta, pois apenas dormia – a menina se levantou imediatamente. “A menina não está morta – disse Jesus – apenas dorme” – esta é a realidade. Não havia ali, com efeito mais do que sono, sono natural ordinário o que não deveis ter dificuldade em compreender, pois sabeis que A AUSÊNCIA DO ESPÍRITO MERGULHA O CORPO NUM SONO PROFUNDO PELO DESPRENDIMENTO COMPLETO DO ESPÍRITO SE PRODUZ O ESTADO DE CATALEPSIA. Ao Espírito da filha de Jairo fora permitido ausentar-se, já o dissemos. Ele tivera uma permissão, não recebera uma ordem, porquanto. O ESPÍRITO NÃO PRECISA DE ORDEM PARA SE DESPRENDER DO CORPO; PRECISA, SIM, PARA ENTRAR NELE. O pássaro que se evade da gaiola apertada, onde definhava, não deseja voltar para a prisão. Procurai compreender, aqui, a posição do Espírito, considerando os atos humanos: o soldado que obtém uma licença qualquer sabe a que horas ela termina. Com mais forte razão, o mesmo se dá com o Espírito em condições semelhantes. Se o Espírito da filha de Jairo tivesse esquecido a volta, ou resistindo ao progresso, os Espíritos Superiores que o cercavam (vigilantes para que a ausência prolongasse pelo tempo necessário à realização, exata integral, da obra que Jesus tencionava realizar), certamente o teriam impedido de frustrar por essa forma. à execução do intento do Mestre. Aliás, semelhante resistência seria uma rebelião que de modo algum se verificaria contra a vontade do Cristo, acrescentando que aquele Espírito não podia pensar em tal. UMA VEZ QUE ACEITARA A MISSÃO QUE DESEMPENHOU. O estado de catalepsia em que a menina caiu é que deu causa à crença na morte real, e portanto numa “ressurreição”, no sentido que entre os homens esta palavra tem, se produziu porque estava nos desígnios do Senhor, que assim acontece PARA CUMPRIMENTO DA MISSÃO DE JESUS e para que desse os frutos que devia dar, naquele momento e no futuro, tudo o que, assinalou a passagem do Cristo pela Terra fora previsto e preparado, mediante as encarnações dos Espíritos que haviam de concorrer para a execução da sua obra de emissário do Senhor. Supondes que Deus possa esperar alguma coisa do que chamais EFEITOS DO ACASO? Repetimos, portanto: o Espírito da filha de Jairo não abandonara o corpo. Completamente desprendido deste, que estava imerso em profundo sono estava ele preso pelo cordão fluídico do perispírito, invisível aos olhos humanos. Graças a essa ligação do Espírito com o corpo, a vida neste continuava a ser mantida, mas estava suspensa pelo estado de CATALEPSIA COMPLETA, QUE DAVA AOS HOMENS A IMPRESSÃO DA MORTE REAL. Mas Jesus disse aos que o cercavam: “A menina dorme, não morreu”. Por ato da sua vontade poderosa, ele fez voltar o Espírito à sua prisão e, pela ação magnética, restituiu a saúde ao corpo da menina: assim é que houve o despertar e a mocinha foi curada. Para prender mais a atenção dos homens, mandou o Mestre que lhe dessem de comer. Quanto à presença dos tocadores de flautas, isso indica a observância de um costume hebraico, em situações como aquela. O rumor da “ressurreição” e do restabelecimento da filha de Jairo se espalhou por todo o país. Entretanto, Jesus ordenara aos pais da menina que a ninguém falassem do acontecido. A multidão, como sabeis, não entrara, pois o Mestre a deixara de fora. Qual o motivo da proibição? É que Jesus conhecia o que o futuro reservava: não queria que naquele momento, sua fama se estendesse até aos sacerdotes e levitas. O desprezo que uns e outros votavam á credulidade e a ignorância do povo os mantinha em guarda (no sentido de que NENHUM CRÉDITO LHES DAVAM) contra os fatos “milagrosos”, isto é, impossível para eles, de se produzirem e que a voz pública espalhava. Aspecto diverso, porém, tomaria o caso SE A “RESSURREIÇAO” DA FILHA DE JAIRO FOSSE ATESTADA PELO PRÓPRIO JAIRO, CHEFE DE SINAGOGA. Homem justo e estimado. Se a propósito da notícia emanada do povo, Jairo fosse interpelado, um pretexto qualquer lhe teria bastado para tapar a boca dos inquisidores. Entretanto, nada disso aconteceu: os sacerdotes e os levitas pouco se preocupavam com o que pessoalmente não lhes dizia a respeito e, sobretudo, com os falatórios do povo.

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