Meu Brasil,

9 - Graças às religiões ditas "cristãs", a idéia de DEUS e a doutrina de JESUS se tornaram odiosas aos chamados "homens livres". Meu Brasil, tu sabes que não há vida sem LIBERDADE. Mas nunca essa liberdade alienada, que conseguiu deslumbrar o Sr. Krishnamurti, apresentado ao mundo pela Sra. Annie Besant como o segundo Messias. O "instrutor" veio ao nosso Povo para afirmar: "Se DEUS existe ou não existe, isto é problema que não deve preocupar a nossa mente". E também: "A doutrina de JESUS não tem valor algum, porque ela é fonte de religiões exploradoras". E mais: "Não tem importância alguma que existam ou não existam os Espíritos". Não é de estranhar: o nosso território está sendo invadido por uma nuvem de gurus, que se dizem nossos "mestres e amigos". Mestre, como sabes, só existe um, que é o CRISTO. Quanto aos amigos, conheces meu pensamento: CONFIAR NOS AMIGOS NÃO É MAU; CONFIAR EM SÍ MESMO JÁ É BOM; MAS INFINITAMENTE MELHOR É CONFIAR SOMENTE EM DEUS. Não no DEUS ANTROPOMORFO, mas no VERDADEIRO DEUS, como se vê no

POEMA DO DEUS DIVINO

O DEUS que é a Perfeição, e que ora eu tento
Cantar em versos de sinceridade,
Eu nunca o vi, como em nenhum momento
Vi eu o vento ou a eletricidade.

Mas esse DEUS, que é o meu eterno alento,
DEUS de Amor, de Justiça e de Bondade,
Eu, que não o vejo, eu o sinto de verdade,
Como à eletricidade, como ao vento.

E o sinto na ânsia purificadora,
Na manifestação renovadora
Do Belo, da Pureza, da Afeição.

Com Ele falo em preces inefáveis,
Envolto em vibrações inenarráveis,
Que me trazem clarões da Perfeição.

Pois creio é nesse DEUS imarcescível 
Que ampara a Humanidade imperfeitíssima:
DEUS de uma Perfeição inacessível
À humana indagação falibilíssima.

Mas a religião criou Jeová
Como um homem - gigante no infinito;
Que, apesar de onisciente, vive aflito,
Sem ao menos prever o que fará;
Deus que ama e que se vinga, como nós;
Que se arrepende de criar o homem;
E, ante os remorsos que a alma lhe consomem,
Ameaça o mundo com uma fúria atroz. . .
Tragi-comédia multimilenar!
Como pode entre os homens haver paz,
Se um DEUS, que se arrepende do que faz,
Inventa o inferno para os castigar?
Repilo o antropomorfo  Iavé das pestes,
Que os doutores da lei tanto restringem!
Nego as penas eternas,  que me impingem
Os proprietários das mansões celestes!
O Deus-Satã, ou Deus infernalista, 
Não me convence mais, em nenhum grau:
Não posso crer nesse Jeová sadista,
Mais vingativo do que um homem mau.
Um Deus parcial, um Deus que tem eleitos,
Que fez JESUS de perfeição sem jaça, 
É humana concepção, cujos efeitos 
Dão uma Graça esdrúxula: sem graça.
Prefiro crer no eterno DEUS Divino,
Que há um século derrama os seus clarões
De DEUS Total que é a síntese, o supino
Infinito de sumas perfeições.
DEUS que o homem vislumbrou no Ano-Horizonte
- 1857 -
Esse ano em que morreu Augusto Comte, 
Cuja ciência as religiões derrete.
E é pena que o titã de Montpellier
Não vivesse um pouquinho mais de idade,
Para assistir ao grande alvorecer
Da nova Religião da Humanidade!

Pois creio é nesse DEUS imarcescível
Que ampara a Humanidade imperfeitíssima:
DEUS de uma Perfeição inacessível
À humana indagação falibilíssima.

Tinhas razão, meu velho amigo Comte:
As religiões - antigas ou modernas -
Alimentam as dúvidas eternas. . .
Uma não há que o rumo certo aponte!
Se amam o Bem, o Mal também amaram,
No afã de dominar a qualquer preço: 
Se inda hoje é assim, pior foi no começo, 
Pois em nome de DEUS sempre se odiaram!
Como explicar, ó Comte, o ódio implacável
Entre os crentes no mesmo DEUS amável,
Que em vão semeia Amor nos filhos seus?
Loucos fiéis, fanáticos e maus!
Eles criaram o hediondo caos
Em que se geram todos os ateus. . .

Pois creio é nesse DEUS imarcescível
Que ampara a Humanidade imperfeitíssima:
DEUS de uma Perfeição inacessível
À humana indagação falibilíssima.

A única doutrina espiritual
Que homem não fez, embora médium peque,
É aquela que transluz - não integral -
Na codificação de Allan Kardec.
Se é religião, ou se deixa de o ser,
Na verdade bem pouco valor tem:
Podemos facilmente compreender
Que religião jamais salvou ninguém.
Se há religião que salve é a da Bondade,
Do amor a DEUS e amor aos semelhantes,
Sem quaisquer sectarismos humilhantes,
Que mascaram insídias da maldade.
Católico, e judeu, e rosa-cruz,
E protestante, e espírita, também:
- Que religião instituiu JESUS, 
Senão a eterna Religião do Bem?

Pois creio é nesse DEUS imarcescível
Que ampara a Humanidade imperfeitíssima:
DEUS de uma Perfeição inacessível
À humana indagação falibilíssima.

Por ser de bons Espíritos doutrina,
Deu-lhe Kardec um nome: Espiritismo.
(Nome predestinado a triste sina
Nos púlpitos do Santo Fanatismo).
Não esse espiritismo de crendices,
Que enleia e que subjuga o vulgo asnático;
Não o bas fond de públicas sandices
Ou carnaval de "espiritismo prático";
Não esse espiritismo de assaltantes
De bolsa dos incautos ambiciosos -
Baixezas de insolentes cartomantes
E de outros pseudomédiuns criminosos.
Se os "guias" a Verdade não transtornam,
Há um fato que não tem contestações:
É que as sessões espíritas se tornam
Um paraíso de contrafações.
Se o Espiritismo fosse apenas isto
- Macumbas com moambas para o mal
E mágicas da bola de cristal - 
Louvado seja o mestre JESUS CRISTO!
Seria bem melhor que, então, voltássemos
Aos tempos da primeira encarnação
E, antropófagos vís por vocação,
Nunca mais neste mundo reencarnássemos!
Mas até isso o poeta explicará
(E creio que real serviço presto):
O Espiritismo apenas triunfará
Quando o homem for visceralmente honesto.
Não falo,  pois, da "fábrica de loucos"
Dos Silva Melo ou dos Henrique Roxo:
Mas do alto Espiritismo, desses poucos
Que não têm dogmas para impor o arrocho.
Eu canto o Espirtismo-Ciência Pura,
De Crookes, Flammarion e até Richet;
Que ilumina, e consola, e acalma, e cura
O homem que estuda, e persevera, e crê.
Não quero converter os caprichosos
Agnósticos, e céticos, e ateus:
Bem sei que, para os homens orgulhosos,
Não tem lógica a Lógica de DEUS.
Esses correm, também, ao seu destino,
Dentro da universal evolução,
E vão ampliando o próprio descortino
No alto mistério da reencarnação.
Bondade - que os pecados não consomem -
Do Espírito Divino aos filhos seus:
DEUS sempre desce até seu filho, o homem,
Quandom o homem sobe até seu Pai, que é DEUS!

Pois creio é nesse DEUS imarcescível
Que ampara a Humanidade imperfeitíssima:
DEUS de uma Perfeição inacessível
À humana indagação falibilíssima.                                                                                        

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