PASSADO, PRESENTE E FUTURO - Doutrina do CEU - ALZIRO ZARUR
P – Afirmou o Espírito da Verdade: “O homem dispõe do livre arbítrio e
Deus sabe que uso fará ele desse dom, porque tudo o que, para vós,
contitui passado, o presente e o futuro, está sempre – e por toda a
Eternidade – patente aos olhos do Senhor”. Como devem ser entendidas e
explicadas estas palavras?
R – Admitis a presciência divina, ou
apoucais a Inteligência Infinita nivelando-a com as vossas? A
presciência divina é uma faculdade QUE NÃO TENDES POSSIBILIDADE ALGUMA
DE ANALISAR. O livre arbítrio seria mera ficção, se estivesse
subordinado a uma ação direta. Quanto se monta qualquer máquina,
prevêem-se os resultados do seu funcionamento; o que ela faz é o que
tinha de fazer. Se, porém, um operário desastrado se intromete nas
engrenagens, ou se um curioso se aproxima demasiadamente, para ver de
muito perto ou tocar numa das rodas, fatalmente é colhido, mutilado ou
esmagado. O maquinista não o impeliu, direta ou indiretamente, mas sabia
que quem fizesse o que fez o operário ou o curioso sofreria aquela
conseqüência, tanto que, ao ver aproximar-se o imprudente, lhe disse: –
“Toma cuidado, olha o perigo!” Neste caso, que nos serve de imperfeita
comparação, onde a fatalidade relativa à ordem a que está sujeito o
movimento da máquina e às pessoas que se movem em torno dela? Cheios de
ignorância e de orgulho, pretendem os homens que Deus se intrometa em
todos os atos que praticam, em todos os fatos que lhe dizem respeito.
Cada um – pobre vermezinho! – quer que a Inteligência Suprema o conduza
pela mão, REBAIXANDO-SE AO SEU NÍVEL. Considerai com mais elevação a
grandeza do vosso Criador! Reinando sobre “todos os universos”,
iluminando todas as trevas, a influência que o Senhor exerce é uma
INFLUÊNCIA SUPERIOR, DIRIGENTE E GOVERNATIVA. Ele deixa que useis do
vosso livre arbítrio com plena liberdade, em meio às diversas
influências físicas e espirituais que vos rodeiam, e sob o império das
Leis Gerais, Naturais e Imutáveis que a sua onisciência estabeleceu,
desde toda a Eternidade. Essa INFLUÊNCIA SUPERIOR que dirige e governa,
Ele a exerce pela sua ação universal, instrumento da sua Providência, e
que também se efetua no âmbito e sob o império das suas Leis, sempre de
acordo com a sua Vontade Onipotente e Imutável. É exatamente essa
INFLUÊNCIA SUPERIOR que vos atrai continuamente para a vida do
progresso, sem perturbar o exercício pleno e independente do vosso livre
arbítrio, quer este vos induza à obediência, quer vos arraste à
rebeldia. Ora, o conjunto se desdobra, desde e por toda a Eternidade,
aos olhos de Deus. Passado, presente e futuro são palavras que as vossas
limitações inventaram e que, para ele, carecem de significado: Deus é O
QUE É, de toda e para toda a Eternidade. Não entendeis que, deixando ao
homem inteira liberdade de usar das faculdades de querer, pensar e
agir, seu olhar penetrante veja, ao mesmo tempo, o que fará o homem
dessa liberdade? O maquinista, que vê o desastrado ou o curioso
aproximar-se demasiadamente da máquina, percebe de antemão os efeitos
dessa imprudência; mas de inteligência muito limitada, não pode saber de
antemão qual o uso que o homem fará do seu livre arbítrio, se consumará
ou não o ato, porque não lhe pode LER O PENSAMENTO, nem perscrutar a
AÇÃO DA VONTADE. Para ele haverá sempre solução de continuidade – um
passado, um presente e um futuro na sucessão dos atos – por mais
imperceptível seja o intervalo que, a seus olhos, os separem, no uso do
livre arbítrio. Deus, porém, para quem passado, presente e futuro nada
significam; que, sem solução de continuidade, lê o pensamento do homem e
vê a ação da sua vontade, DEUS TEM SEMPRE A VISTA A SÉRIE E AS
CONSEQÜÊNCIAS DE TODAS AS COISAS, E SABE QUAL O USO QUE O HOMEM FARÁ DO
LIVRE ARBÍTRIO. A razão é muito simples: para Deus tudo é continuamente,
eternamente INSTANTÂNEO. Não há comparação possível entre o astro
luminoso, que brilha com o máximo fulgor, e a pálida centelha que se
reflete no arroio em que se extingue; entre o SER INFINITO, que irradia
sobre todos O QUE É, e as vossas inteligências fragílimas. Por isso
dissemos, e agora repetimos, que A PRESCIÊNCIA DIVINA É UMA FACULDADE
QUE NÃO TENDES POSSIBILIDADE ALGUMA DE ANALISAR.
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